"raízes
raízes
raízes
raízes
raízes da vida
que crescem, crescem
e tomam um tamanho estonteante
que nem daqui mais se consegue ver
atravessam os céus, nuvens
rasgam o sol
é tanta coisa que não consegue se esconder
meu deus, está vendo?
olha só!
ah... um pássaro, creio que seja um pássaro
ah! não… uma gaivota!
e ela está voando, ai como ela voa lindamente
ela atravessa todos os sentidos
céus
infernos
os entres
os aléns
ela entra dentro do corpo, salta, pira, revira, transfira, rodopia
ela me faz ter saliva, me faz pulsar, descambalear
ai! não aguento mais: taquicardia!
será que estou morrendo?
ai meu deus do céu
estou perdida
não sei onde estou
mas sei que… ai uma gaivota! meu deus!
sou eu, sou eu olhando pra ela
já não tenho mais identidade, me perco entre o eu e ela
transviro com seu grito (imita uma gaivota)
não existe mais paredes
não existe mais cercas
tudo em nós se fundiu!
é disso que eu preciso!
é isso que eu preciso ser nesta era do teatro,
uma gaivota!
ai eu não sei mais como falar sobre isso,
eu não sei mais como dizer sobre isso,
eu só quero atravessar.
neste momento há tantas coisas indecifráveis que há no meu peito,
no meu coração, existe uma estrada que me reboliça aqui dentro, palpitando, ai coração, cacilda! cuidado não pode ter ataque aqui não. morrer de novo jamais
agora vim dos subterrâneos dos céus para criar, procriar, transcriar, revelar, atiçar, roçar, atravessar"
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