exercício nº 0

este é o pontapé de um exercício de dramaturgia, alguns rabiscos (que aqui estarão), mas que dentro da cápsula "driveniana" se transmuta, ganha forma e quiçá correnteza. 

"raízes

raízes

raízes

raízes 

raízes da vida

que crescem, crescem

e tomam um tamanho estonteante

que nem daqui mais se consegue ver

atravessam os céus, nuvens

rasgam o sol

é tanta coisa que não consegue se esconder

meu deus, está vendo?

olha só!

ah... um  pássaro, creio que seja um pássaro

ah! não… uma gaivota! 

e ela está voando, ai como ela voa lindamente

ela atravessa todos os sentidos

céus

infernos

os entres

os aléns

ela entra dentro do corpo, salta, pira, revira, transfira, rodopia

ela me faz ter saliva, me faz pulsar, descambalear  

ai! não aguento mais: taquicardia!

será que estou morrendo?

ai meu deus do céu

estou perdida

não sei onde estou

mas sei que… ai uma gaivota! meu deus!

sou eu, sou eu olhando pra ela

já não tenho mais identidade, me perco entre o eu e ela

transviro com seu grito (imita uma gaivota)

não existe mais paredes

não existe mais cercas

tudo em nós se fundiu!

é disso que eu preciso!

é isso que eu preciso ser nesta era do teatro,

uma gaivota!

ai eu não sei mais como falar sobre isso,

eu não sei mais como dizer sobre isso,

eu só quero atravessar.

neste momento há tantas coisas indecifráveis que há no meu peito,

no meu coração, existe uma estrada que me reboliça aqui dentro, palpitando, ai coração, cacilda! cuidado não pode ter ataque aqui não. morrer de novo jamais

agora vim dos subterrâneos dos céus para criar, procriar, transcriar, revelar, atiçar, roçar, atravessar"

Comentários